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Hospital Estadual Bauru debate cultura de segurança do paciente

Assessoria de Comunicação e Imprensa da Famesp, com Agência 4toques


Em 8 módulos, profissionais da saúde estudam gerenciamento de risco e analisam ferramentas estratégicas para melhoria da assistência no HEB

Com ferramentas de gestão e até programação neurolinguística, profissionais de saúde que atuam no Hospital Estadual de Bauru (HEB) – serviço sob gestão da Famesp – foram convidados a participar de um curso sobre “Noções Básicas de Segurança do Paciente”. 
Em oito módulos, distribuídos entre maio e novembro, o curso visa ampliar os conceitos de segurança do paciente e, consequentemente, aprimorar as práticas assistenciais. “Em novembro próximo, o Hospital Estadual vai completar 15 anos e nesse tempo ele construiu uma boa reputação. Mas temos convicção de que o ambiente hospitalar trabalha o tempo todo com risco versus benefício. É por isso que a equipe deve estar em constante alerta”, pondera a médica Deborah Maciel Cavalcanti Rosa, diretora executiva do Hospital Estadual. “Cursos como esse são essenciais para aprimorar a prática e trazer para o foco da rotina a discussão da cultura de segurança”, conclui.
A iniciativa é da médica infectologista Valéria Drummond Nagem Aragão, do Núcleo de Segurança do Paciente do HEB. Ela conta que sentiu a necessidade de ampliar os conceitos teóricos e práticos dos colaboradores para aplicação na rotina assistencial, ampliando, consequentemente, a segurança no ato de cuidar.

Categoria ‘A’ na Rede Sentinela
 “A chamada cultura de segurança do paciente envolve um conjunto de valores, atitudes, percepções e competências individuais e grupais que determinam o compromisso com as boas práticas”, explica a gerente de risco do HEB, Maira Freitas, que integra a comissão organizadora do evento. 
“Na área da saúde, até o que é para salvar a vida, como um procedimento cirúrgico, oferece riscos. E costumamos dizer que alguns riscos são evitáveis, outros inevitáveis. Nosso objetivo é prevenir os eventos evitáveis, reduzindo os riscos de danos desnecessários associados à assistência à saúde, e estabelecer fluxos para intervir da melhor forma nos não-evitáveis”, explica Maira. “Também é fundamental usarmos essas informações para adoção de medidas corretivas”, completa. 
Os encontros acontecem uma vez por mês, com duração de uma hora e meia, com disponibilidade em dois horários para abranger turnos diferentes. Até o momento, 75 colaboradores já participaram dos dois módulos ministrados, debatendo os temas “Classificação Internacional de Segurança do Paciente-OMS”; “Cultura de Segurança e Notificação”; “Identificação do paciente e Comunicação”. O próximo módulo ocorre dia 03 de agosto.
Os esforços das equipes que atuam no Núcleo de Segurança do Paciente e no Gerenciamento de Riscos do HEB tem sido recompensados. Recentemente, o Hospital, que compõe a chamada Rede Sentinela ao lado de outras 226 instituições de saúde, passou a fazer parte da categoria A no ranking criado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após ciclos de monitoramento. O ranqueamento classifica as instituições de saúde em categorias de A a C, com base em perguntas sobre qualidade da gestão hospitalar, uso de tecnologias em saúde e gerenciamento de riscos, e tem por objetivo incentivar o registro de informações que promovam a articulação da Rede Sentinela e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, aperfeiçoando o sistema de notificação e investigação em Vigilância Sanitária.  De acordo com o relatório da Anvisa, três fatores positivos se destacam atualmente no HEB: a manutenção de um setor de Gerenciamento de Riscos, existente desde 2014; ações de controle e monitoramento dos riscos; e, atividades frequentes de capacitação e educação continuada, enfocando, por exemplo, temas como segurança do paciente. 

Longe do ‘piloto automático’
Quem já esteve internado alguma vez num Hospital deve ter notado que cada profissional que entra no quarto para oferecer cuidados faz questão de pedir que o paciente declare seu nome (e até que soletre, se for o caso) e depois confere a anotação do leito e da pulseira para verificar se a identificação é a mesma. Alguns pacientes até se irritam porque se perguntam: 
- Meu nome não está anotado no leito? 
Ou:
- Ele duvidou de mim? 
Pode parecer redundante, mas essas perguntas fazem parte da chamada “identificação segura” e são importantes para confirmar se o indivíduo que está deitado ali é mesmo o paciente que o profissional pensa que é. Ele jamais poderá deduzir que a anotação do leito está correta. Ele precisa checar. Outra regra básica de segurança é jamais perguntar ao paciente se ele é “fulano de tal”. Isso porque o paciente pode não compreender e concordar por engano. Atitudes simples como essas podem evitar, por exemplo, erros como a troca de um medicamento ou até o deslocamento do paciente para fazer um procedimento que não foi indicado para ele. 
Para a enfermeira da Educação Permanente do HEB, Ana Cristina Ferreira Martins, o curso tem sido primordial para melhorar a segurança do paciente e, assim, evitar possíveis erros. “Os erros são onerosos tanto pela perda de credibilidade da instituição pelo paciente como também pela diminuição da satisfação do paciente e do próprio profissional da saúde, que pode ficar frustrado por não conseguir prestar uma assistência de qualidade”, pondera Ana. Quando refletimos sobre os temas, buscamos outros caminhos para trabalhar da melhor maneira e avivamos conceitos que acabam sendo diluídos na rotina de trabalho. Daí a importância da educação permanente”, conclui. 

Comunicação e empatia
Uma das ferramentas estratégicas abordadas no curso é o método Triple Aim, por meio do qual a melhoria do sistema de saúde é baseada em três aspectos: melhorar a experiência do indivíduo em relação à assistência, melhorar a saúde das populações e otimizar os recursos nos cuidados de saúde.
De acordo com Maira Felix, para melhorar a experiência do indivíduo em relação à assistência, por exemplo, outro ponto fundamental é a comunicação e a empatia. 
“Ao conversar com um paciente, o profissional precisa se certificar se conseguiu se colocar no lugar do outro e se está usando a linguagem mais adequada para apresentar as informações com clareza”, diz. Afinal, só mesmo quando assimila as informações com clareza é que o paciente também poderá se apropriar delas e participar do tratamento de forma consciente, contribuindo com a equipe nas escolhas e decisões. 
“Estamos felizes com os resultados do envolvimento de nossos colaboradores com essa ação. A divulgação foi feita em forma de convite, visando à participação de forma voluntária para atrair os profissionais que realmente estivessem dispostos a aprender. Está sendo ótimo partilhar conhecimento e trocar experiência com os profissionais. Eles serão multiplicadores e, juntos, vamos oferecer um cuidado mais seguro aos nossos pacientes”, conclui Maira.

 

Organizações com cultura de segurança positiva apresentam: 
- Boa comunicação entre os profissionais.

- Confiança mútua.

- Percepções comuns sobre a importância da segurança.

- Eficiência das ações preventivas.

- Cultura de sistematização e não culpabilização

- Transparência.

- Envolvimento dos Pacientes.

(Fonte: Módulo 1, Curso Noções Básicas de Segurança do Paciente do HEB, ministrado pela médica infectologista Valéria Drummond Nagem Aragão, maio/2017)